01 novembro 2009

Se

"Não sei (…) se alguma vez encontrarás no teu coração espaço para compreenderes ou perdoares o que eu fiz. Não te censuro se não encontrares, porque eu também não encontro. Ainda hoje me interrogo sobre o que aconteceu, sobre as nossas opções perante o destino, sobre o facto de que não passamos de meros peões de circunstâncias, joguetes num tabuleiro cujas regras não compreendemos nem dominamos. (…) Muitas vezes dou comigo a pensar como teriam sido as nossas vidas se as coisas tivessem corrido de maneira diferente, se as circunstâncias tivessem sido outras, se as nossas decisões tivessem ido noutro sentido. (…) Tantas interrogações, tantas dúvidas, tantos fins diferentes, tantos “ses”. Na verdade (…) “se” é a palavra mais terrível, mais angustiante da condição humana. Tenho plena consciência de que, se as nossas decisões tivessem sido diferentes em alguns momentos cruciais ou se as circunstâncias fossem outras, mesmo que ligeiramente, a história (...) ainda poderia ter um final feliz. A realidade, porém, é só uma, as considerações sobre o que aconteceria “se” não passam de um dolorosa fantasia a que nos entregamos quando queremos fugir dos fantasmas que nos perseguem ao longo da vida por causa das nossas decisões e das circunstâncias em que foram tomadas.”

José Rodrigues dos Santos in "A Ilha das Trevas"

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