13 outubro 2009

Pensamentos

Noite bucólica. Mãos nos bolsos. Passos morosos. Pensamentos perdidos. Vagueia à deriva por aquela cidade sedentária, parada no tempo, outrora tão familiar. Pensamentos nómadas que emergem aleatoriamente, emaranhados pelo tempo, simples fragmentos do passado.
Caminha…
Sozinho. Envolto pelos próximos e já tão vulgares ruídos citadinos. Pensamentos distantes. Tantas as coisas que não compreendia, tantas as inquietações. Procurava aquele momento. O momento em que o futuro, tantas vezes pensado, tantas vezes premeditado, se desmorona. Aquele momento em que sonhos construídos durante tantas noites se desfazem. O momento em que tudo muda. Em que o tempo pára.
Vagueia…
Absorto. Passa por ruas desertas intercaladas por becos silenciosos. Pensamentos ruidosos que o consomem, ecoando no mais fundo de si, teimando em não cessar.
Caminha…
Em vão. Assombrado pela lentidão das horas. Passos acelerados como se fugisse da vida. Como se isso fizesse correr o tempo e o projectasse até àquele ponto no futuro em que o passado não é mais do que uma simples memória, distante, gasta pelo tempo.
Caminha…
Alheio àquela brisa amena apaziguante. Pensamentos vorazes que o assaltam, que lhe corroem a alma e cansam o corpo. Pensamentos que o desgastam, que persistem e tardam em não desaparecer, alastrando-se como metástases de dor.
Noite bucólica. Mãos nos bolsos. Passos cambaleantes. Corpo embriagado por pensamentos perdidos…

Sem comentários:

Enviar um comentário